A História da área que hoje abriga a Pousada dos Anjos perde-se nos tempos. O local já era pouso na trilha utilizada pelos índios Goianás em trânsito das montanhas para o litoral.
A passagem estratégica foi ensinada aos portugueses no século XVI, que dela se utilizaram durante todo o período colonial como acesso ao interior do Brasil.
O nome desta primeira parada da trilha dos Goianás foi anotado como Pouso Pareçam pelos primeiros viajantes portugueses a deixarem registro escrito.
A trilha dos Goianás tornou-se o melhor trajeto Rio-São Paulo-Minas, dadas as dificuldades da subida da Serra do Mar por São Vicente e a presença de piratas naquelas águas.
O Pouso Pareçam era parada obrigatória de exploradores, missões religiosas, de apresamento indígena, sertanistas e aventureiros em busca de metais preciosos. A descoberta sucessiva das inúmeras lavras de ouro que povoaram Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, fizeram da Aparição um delta logístico de transporte, comunicação e controle fiscal.
Mais tarde, o outro ouro, o ouro negro, o café consolidou a forma e o traçado de centenas de cidades e estradas de nossa geografia, novamente convergindo na Aparição, parada de tropeiros para todo embarque e desembarque via Parati.
O primeiro registro desta viagem foi a publicação 'Vária Fortuna e Estranhos Fados' do inglês Anthony Knivet, membro da tripulação do famoso corsário Thomas Cavendish que tomou e saqueou o Porto de Santos e a Vila de São Vicente na noite de Natal de 1591. Em 1592, em nova e fracassada tentativa, Knivet, ferido, foi abandonado na ilha de São Sebastião. Preso e escravizado pelo governador Martim Corrêa de Sá, torna-se escrivão de várias expedições e narra pela primeira vez a subida da serra por Parati em 1596, numa expedição com 700 portugueses e 2.000 índios para combater os Tamoios. Segundo historiadores, acamparam na Aparição:... um selvagem de nome Alécio (...) trouxe consigo oitenta flecheiros, e ofereceu-se a acompanhar o capitão com os seus. Pusemo-nos, pois, a caminho pelos montes. Na noite seguinte (na Aparição) vendo o capitão que Alécio estava deitado no chão, tomou-me a rede em que eu tencionava dormir, e a deu-a ao índio, de modo que tive de resignar-me a pernoitar no chão. Queixando-me desse procedimento injusto do capitão para comigo disseram-me eles que o pai do capitão me havia mandado a esta jornada para dar cabo de mim, ao que observei que far-se-ía a vontade de Deus.
Por volta de 1660, Salvador Correia de Sá, então Governador das Minas, deu a ordem de abrir e descobrir oficialmente a estreita trilha dos Goianás, futuro Caminho do Ouro e Estrada Real.
O 'Itinerário Geográfico' composto em 1717 por Francisco Tavares de Brito, enviado por Alexandre de Gusmão para mapear as terras portuguesas e preparar negociações diplomáticas com a Espanha, relata: '... A esta vila (de Guaratinguetá) vem dar o caminho de Parati que chamam de Caminho Velho; e que sai de Parati, vem ao Bananal (Fazenda Muricana), sobe a inacessível serra e descansa na Pareçam'.
O historiador José Luiz Pasin define Pareçam como: Bairro rural do município de Cunha, no alto da serra, pouso obrigatório para todos os viajantes que subiam de Parati para o Facão (Cunha).
Em relatório de viagem de 1717, o Conde de Assumar menciona: ... o caminho a que chamam o velho - desde Parati pelas serras de muquipioca e viamitinga até a borda do campo que chamam Aparição, sendo estes, supõe-se, antigos nomes da Serra do Facão.
Daí em diante sempre denominado Pouso da Aparição, aportuguesado, nome da grande fazenda sediada pela Casa Histórica preservada na Pousada dos Anjos.
Em 1751, Antônio Rolim de Moura, o Conde de Azambuja, o primeiro governador de Mato Grosso descreve com detalhes o Caminho Velho entre Aparição e Parati, na Serra do Facão: Daqui(Sítio da Piratinga) a Parati gastei dois dias; no primeiro fui no sítio da Aparição, em que experimentei o mesmo frio que no reino; o segundo me levou toda a serra do Parati, que na opinião comum, é a pior que se conhece"
Martins Lopes Lobo de Saldanha vindo tomar posse do governo de São Paulo, narra em 1775: No dia 2 de junho dormi ao pé da serra, em casa do Souza, e no dia 3 subi a serra, o mais do tempo a pé pelo impraticável caminho, e vim dormir à Aparição ...
Com a abertura do Caminho Novo em 1767, Parati, Cunha, Aparição e o Caminho Velho entram em lento declínio, virando o século como rota do tráfico de escravos, mesmo após sua proibição em 1831. Em 1850 Dom Pedro II promulga a Lei Euzébio de Queirós, que passa a punir como pirataria o tráfico escravagista, eliminando-o. O café já tinha condições de segurar a economia do Caminho Velho como principal escoadouro da produção cafeeira do Vale do Paraíba.
A Estrada de Ferro Dom Pedro II chega a Guaratinguetá em 1877, substituindo o sistema tropeiro de transporte, gerando uma severa crise para Cunha e Parati, intensificada pela abolição dos escravos em 1888, acabando inexoravelmente com o Caminho Velho, conservado pela mão-de-obra escrava.
Momentos econômicos determinantes de nossa História afunilaram-se na Aparição como pouso obrigatório no trajeto Atlântico-interior. Sertanistas, bandeirantes, caçadores de índios, contrabandistas, piratas, aventureiros, soldados, mercadores, escravos, ciganos, contrabandistas, artífices, mineradores, governadores, nobres, agricultores e migrantes pernoitaram na Aparição ao longo dos séculos e converteu-se no escoadouro de grande parte do ouro e do café produzidos no Brasil e foram trazidas regras, escravos, animais, alimentos e todos os bens, equipamentos e objetos, inclusive de luxo, demandados nesses empreendimentos. Daí descobriu-se grande parte de nossa geografia, estruturou-se a economia. Contar a História da Aparição é sintetizar a História do Brasil.
Na Revolução de 1932, novamente o ponto estratégico da Casa Histórica da Pousada dos Anjos tornou-a palco de outras lutas. As forças de São Paulo perderam para os militares cariocas a posição estratégica da Aparição (foto), no início do enfrentamento. A Casa Histórica da Pousada dos Anjos foi utilizada como sede do comando militar e hospital de emergência pelas forças do I (?) Exército, sediadas no Rio de Janeiro Após a expulsão da família Jango, proprietários e moradores da antiga fazenda, a casa foi alvo de bombardeios aéreos, de artilharia e ataque de infantaria. Os combates concentraram-se a poucos quilômetros da Pousada, podendo-se visitar as valetas das trincheiras e outros cenários da revolução. O monumento a Paulo Virgínio, cunhense considerado herói e mártir da causa paulista, é vizinho à Pousada, convidando a uma agradável caminhada. Esta foi uma das mais aguerridas frentes de combate da Revolução Constitucionalista.
Em seguida, a Casa Histórica foi reformada e diminuída pelo herdeiro Moacir Jango. Nos anos setenta, Darci Reis adquiriu a propriedade, construiu muros, barragem, lago, cachoeira, escadas e piscina natural utilizando pedra ferro.
Marta Galloti funda a Pousada dos Anjos em 1989, a primeira de Cunha, marcando nova fase pioneira neste pedacinho estratégico. Uma encruzilhada histórica e anônima de união entre o grande mar, o Vale do Paraíba, as Minas, cafezais e as capitais Rio e São Paulo.
Foi prenúncio do novo ciclo que na atualidade revitaliza o Caminho Velho e a Estrada Real, o Turismo.
Marcos Santilli e Katia Scavacini assumiram a Pousada em 2005, reformaram-na e vieram viver na primeira pousada de Cunha, transformando-a, buscando recuperar sua história, mantendo as idéias inventivas e originais de Marta, Braga e seus filhos André, Elisa e Lia. Marcos e Katia, ele fotógrafo, ela turismóloga, sentem-se felizes pelo privilégio de criar os filhos nesse pedacinho de paraíso, esquecido no limite entre montanha e mar, hoje sob seus cuidados.
O ancestral pouso indígena Pareçam, primeira e obrigatória parada do Caminho do Ouro, dá nome ao bairro da Aparição onde se situa a Pousada dos Anjos, na Serra do Quebra-Cangalha. Para saber a razão do nome Pousada dos Anjos, venha aqui...
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